Em junho de 1850, a corveta Cormorant adentrou a baía de
Paranaguá e aprisionou navios brasileiros sob suspeita de tráfico de pessoas
escravizadas. As autoridades parnanguaras não aceitaram a apreensão e se
revoltaram contra os britânicos, motivados em parte pelos que lucravam com o
comércio de escravizados, em parte por jovens movidos por sentimentos
nacionalistas.
Um grupo de quase cem homens, a maioria tripulantes dos navios
apresados, se dirigiu à Fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres e solicitou o apoio do capitão comandante da
guarnição para combater o Cormorant.
A repercussão do incidente foi curiosa, pois o presidente da
província do Paraná elogiou oficialmente a guarnição da Fortaleza e os civis
que participaram do combate. No entanto, o governo Imperial do Brasil, por
motivos políticos, teve que se retratar perante a Inglaterra e o capitão
Joaquim Ferreira Barboza, comandante da fortaleza, foi rebaixado de posto.
Como consequência ao episódio Cormorant, o Brasil implantou,
logo após o incidente, a Lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico negreiro
da África para o Brasil. Também, passou a para combater o Cormorant.
Os homens que estavam na Fortaleza atacaram a corveta britânica na hora que esta saía da baía rebocando os navios apreendidos. Após 40 minutos de bombardeio recíproco, o Cormorant preferiu rumar para a enseada das Conchas para consertar as avarias. Para escapar com maior rapidez, incendiou dois navios apreendidos e guarneceu o terceiro. Os tiros dos brasileiros acertaram o cruzador e um dos navios rebocados, matando um marujo inglês e ferindo gravemente outro. Na fortaleza, apenas feridos leves.
atrulhar as águas territoriais com a
Marinha Brasileira. Apesar de que, na prática, essa lei e esses patrulhamentos
também se tornaram algo “para inglês ver”, é considerado o primeiro grande
passo em direção à abolição da escravidão no Brasil.
"O episódio Cormorant explicitou à sociedade brasileira
o que suas autoridades governamentais e também as autoridades inglesas já
sabiam há algum tempo: a baía de Paranaguá abrigava continuamente embarcações
envolvidas no ‘infame comércio’. E se tal episódio revelou com mais veemência a
presença na região de diversos africanos importados durante o tráfico ilegal,
explicitou também que não só os comerciantes e os governantes locais, mas boa
parte da população, especialmente os proprietários de escravos, eram coniventes
com o tráfico." (José Augusto Leandro, Gentes do Grande Mar Redondo, 2003,
p. 60)
Esse fato, ocorrido em Paranaguá, ganhou repercussão
internacional, e foi decisivo para a edição, dia 4/9/1850, da Lei Euzébio de
Queiroz.
Imagem: Rodolpho Doubek, O Incidente Cormorant, 1982, Óleo
sobre tela.
Fonte: Facebook - Histórias do Grande Mar Redondo
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