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Júlia da Costa, 1ª Poetisa Paranaense


Julia da Costa é considerada a primeira poetisa paranaense

De todos os filhos ilustres de Paranaguá, Júlia da Costa assume entre as mulheres o posto principal. Ela é considerada a primeira poetisa paranaense. A história de Julia da Costa sempre ganhou destaque em livros e jornais, e até mesmo sendo motivo de debates entre literatos e historiadores.
Isso porque Júlia da Costa foi uma mulher diferente para o seu tempo e viveu uma história triste de um amor que jamais aconteceu. Se não bastasse isso, a poetisa ainda teve que se casar contra sua vontade e deixar a cidade de Paranaguá que ela tanto amava. Para completar a sua triste história de vida, nem seu último desejo ela teve realizado, que era ser sepultada em sua terra natal: Paranaguá.    
Júlia Maria da Costa nasceu no dia 1.° de julho de 1844. Filha de Alexandre José da Costa e Maria Machado da Costa casou-se com o comendador Costa Pereira, chefe do Partido Conservador. Viveu toda a vida em São Francisco do Sul.
Foi uma figura controvertida, forte, decidida e à frente de seu tempo. Com o auxílio do padre e escritor Joaquim Gomes de Oliveira Paiva, de Desterro, publicou dois livros: Flores dispersas – 1.ª série, e Flores dispersas – 2.ª série. Sob os pseudônimos de Sonhadora, Americana e J.C. (entre outros), escreveu, além de poesia, muitas crônicas-folhetins, que hoje chamaríamos de crônicas sociais, analisando a moda e relatando festas.
Júlia da Costa casou, em 1871, por imposição familiar, com um homem rico e trinta anos mais velho que ela, mas amou o poeta Benjamin Carvoliva, cinco anos mais novo. Correspondia-se com ele quase que diariamente durante o namoro e, quando casada, em segredo. Em uma das cartas, que eram colocadas em esconderijos diversos, tais como o oco de uma velha árvore, Júlia sugere que fujam os dois, mas quem foge é Carvolina perante a ousadia da poetisa.
Desiludida, Júlia passa a escrever, febrilmente, poemas cada vez mais tristes e melancólicos, começa a frequentar mais e mais serões e festas, pintar os cabelos de negro (em uma época em que somente meretrizes e artistas o faziam), pintar o rosto e usar muitas joias, participar de campanhas políticas e publicar em jornais e revistas, tornando-se uma lenda viva em sua pequena cidade.

SOLIDÃO E LOUCURA
A solidão se tornou cada vez maior depois da morte do Comendador, que a habituara a receber catarinenses ilustres em banquetes e saraus (num dos quais esteve presente o Visconde de Taunay). Viúva, cansada das festas, fecha-se em casa com mania de perseguição. Durante o tempo que permanece enclausurada, planeja escrever um romance e, para tanto, confecciona painéis coloridos com cenas campesinas, interiores de lar e paisagens inspiradoras que espalha pelas paredes.
Nessa velhice solitária, Júlia da Costa enlouquece e permanece fechada no casarão por oito anos, dele só saindo para o cemitério em 2 de julho de 1911. Contrariando sua vontade, Júlia da Costa foi sepultada em Santa Catarina, e não em Paranaguá como desejava.
Em outubro de 1924, finalmente seu desejo foi atendido e seus restos mortais foram transladados de Santa Catarina até Paranaguá, sendo enterrados na Praça Fernando Amaro, sob um obelisco de pedra. Após 85 anos, em 2009, o monumento sofreu a ação corrosiva do tempo e necessitou de reparos.Com isso vieram à tona os restos mortais da poetisa, que dali foi transferido para o Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá, sendo sepultado em jazigo próprio, finalmente, em sua última morada.

(Texo, pesquisa e fotos - Christian Barbosa)

Rua Julia da Costa, uma das principais vias de Paranaguá 

Urna funerária estava na Praça desde outubro de 1924


 Obelisco de Julia da Costa

2 comentários:

  1. Christian,

    Que excelente matéria sobre a nossa saudosa e querida Júlia da Costa, falo dela com muita intimidade, porque tenho profunda admiração por essa mulher, que mesmo a frente de seu tempo soube ser submissa, vejo na minha vida um reflexo da vida de Júlia.

    Sempre me interesso por tudo que diz respeito a essa primeira poetisa em solo paranaense.

    Ela é uma mulher encantadora e tem uma história de vida que em nenhum momento foi manchada.


    Gilson

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  2. Adorei a matéria eu não conhecia e agora eu sei a sua história

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