Dona Elfrida publicou um diário sobre sua vida um ano antes do seu falecimento |
Elfrida Marcondes Lobo nasceu em Paranaguá no dia 31 de janeiro de 1911. Filha de Jorge Marcondes de Albuquerque e Elfrida Pereira Marcondes. Passou a infância na Rua Marechal Deodoro nº. 53, casa onde nasceu.
Um ano antes do seu falecimento, 1990, lançou o livro ‘Retalhos de Uma Vida”, onde conta os fatos marcantes da sua infância e também detalhes da vida pessoal, além de inúmeras passagens na sociedade parnanguara. Elfrida estudou no colégio São José, dos sete aos 17 anos. Noivou em com o Dr. Victor Branco Lobo em junho de 1930. O pedido de casamento foi feito por carta dirigida ao seu pai.
Elfrida Lobo se casou no dia 16 de maio de 1932, oferecendo um almoço no casarão da Rua Dr. Leocádio e no mesmo dia seguiu viagem em lua de mel para o Rio de Janeiro. A felicidade do casal aumentou em 14 de fevereiro de 1933, com o nascimento do primeiro filho, Antonio José. Também teve outros dois filhos: Carlos Eduardo e Mario. Ficou viúva aos 34 anos. “Meu marido faleceu aos 36 anos. Fiquei viúva com três filhos, e o mais velho com 12 anos. Não tive tempo para me lastimar ou me abater”, destaca em seu livro.
Em 1946, começou a lecionar. Com muita dedicação e esforço criou os filhos dando-lhe educação e formação superior. Naquela casa da Rua Dr. Leocadio (A Casa Elfrida Lobo) ela viveu momentos marcantes. Dentre os inúmeros fatos citados em seu livro diário, ela ressalta que em 29 de setembro de 1959 nasceu sua primeira neta, Denise, que foi morar no casarão.
“Em 1966 nasceu meu segundo neto, Mariozinho. Robusto, moreno, olhos negros enormes assemelhava-se ao tipo do seu avo Victor. Em 1972 na mesma data em que nasceu seu irmão, dia 22 de dezembro, nasceu a minha quarta neta, Tatiana. Muito fofinha com grandes olhos negros como de seu irmão. Veio dar mais alegria para todos nós”, conta dona Elfrida em seu livro.
Elfrida foi uma pessoa extramente feliz, muito legada a família e também a caridade. Foi professora de inúmeras gerações de parnanguaras. Conseguiu com o esforço de professora e aulas diuturnas formar os três filhos com curso superior e manter o patrimônio que havia herdado do falecido marido.
Sempre teve participação ativa nos movimentos cívicos, religiosos e filantrópicos da cidade, com liderança tendo influência em vários setores. Foi Fundadora e presidente da União Feminina de Paranaguá, entidade que originou mais tarde a Casa do Pequeno Trabalhador de Paranaguá, da qual foi também presidente.
Com o marido Victor Lobo, no jardim da sua casa na Rua Dr. |
Leocádio
Os registros históricos contam que foi na gestão da dona Elfrida Lobo que a entidade se consolidou e construiu sua sede própria. Também presidiu a Legião de Maria (Congregação religiosa) e também foi presidente do Hospital Paranaguá em sua fase de implantação. Elfrifda Lobo também foi membro do Centro de Letras de Paranaguá e do Instituto Histórico e Geográfico.
Nas páginas finais do livro “Retalhos de uma vida”, publicado em 1990, ela destaca a emoção de receber em vida uma homenagem: “Outro gesto de carinho que muito me sensibilizou foi o convite recebido da professora Joseth Coelho, diretora do Grupo Escolar Estados Unidos da América, para inaugurar a biblioteca denominada Biblioteca Elfrida Lobo. Aquela data de 1987 tem grande significado para mim que nada fiz de extraordinário para merecer tal deferência”.
A neta Tatiana, mencionada em seu livro, atualmente reside em Curitiba, contou um pouco do contato que teve com sua avó: “Eu tomo como exemplo uma das suas frases na qual ela dizia ‘As enxergas rijas deixam a alma forte’, pois ele era uma mulher muito forte. Estava sempre atualizada e adorava sorver a vida e tirar o melhor proveito de todas as suas vivências. Tudo ela conseguiu transmitir ali no livro, pois tinha valores muito fortes! Quantas saudades da minha vó. Aprendi francês por causa dela, pois influenciou a mim e outras netas também”, destacou a neta Tatiana Lobo.
(Pesquisa e texto: Christian Barbosa)
(Pesquisa e texto: Christian Barbosa)
Elfrida Lobo, aos 17 anos |