“O FANDANGO HOJE - O trânsito do tradicional ao erudito e
contemporâneo” está disponível nas plataformas digitais nesta quarta-feira, 14
de abril
O Mestre Fandangueiro Aorelio Domingues está lançando um
podcast em que discute a atualidade do Fandango Caiçara, desde a sua forma
natural, nas comunidades tradicionais do Território Caiçara, até o trânsito
para o âmbito erudito e para o espaço popular de rádio com roupagem
contemporânea.
Para explicar esse trânsito, o Mestre Aorelio ouviu entendedores do assunto como o Mestre Cleiton Prado Carneiro da Juréia, Iguape (SP), que fundou o Grupo de Fandango Manema; Ary Giordani que é professor, macheteiro e designer de som; Carla Zago, musicista, professora de música, violinista erudita e diretora musical; e Leomaristi, músico, produtor musical, parceiro de Aorelio na produção atual.
Aorelio é integrante do Grupo de Fandango Caiçara Mandicuera, da Ilha dos Valadares, Paranaguá – Paraná. Ele já lançou um CD chamado “Amanhece – Fandango Pancada” que foi uma primeira iniciativa de transportar o Fandango Caiçara para o estúdio em busca de um resultado que, ao mesmo tempo respeita a tradição e as estruturas naturais do Fandango, mas com uma sonoridade compatível com a gravação e a execução radiofônica.
Por isso, no CD “Amanhece”, o Grupo Mandicuera já uso o contrabaixo elétrico como adendo aos instrumentos tradicionais do Fandango que são a Rabeca, o Machete, a Viola Caiçara, o Adulfo (espécie de pandeiro) e a Caixa. Assim, o som ficou com mais corpo e expressão.
O Mestre Aorelio também transitou para o espaço erudito com a criação da Orquestra Rabecônica em 2008, e nela foi criada e encenada a primeira Opereta Caiçara – Açucena – em 2011. Para a Orquestra, foram desenvolvidos novos instrumentos a partir da rabeca; como rabiola (versão Caiçara da Viola de Arco), os rabelos (similares ao Violoncelo), e rabecões (Contra-baixos).
Após o erudito, agora Aorelio está se dedicando ao espaço popular contemporâneo, com novas modas em roupagem radiofônica. Para isso, foi desenvolvido em parceria com Leomaristi Alexandre dos Santos um novo instrumento de percussão, o Caranguejo Drum, que substitui os batedores de tamancas tradicionais do Fandango Tradicional.
O primeiro resultado dessa nova produção de Aorelio e Leomaristi é a canção/moda “Turista” em que Aorelio trabalha a temática do Povo Caiçara na relação com sociedade urbana através da atração de um personagem Caiçara por uma “Turista”. Nesse contexto entram no debate os resultados da convivência Caiçara com a realidade atual de maneira leve e contagiante.
Aorelio batizou essa nova fronteira musical de “Fandango Casco de Fibra” que é uma referência às canoas usadas pelos pescadores caiçaras atualmente. A legislação ambiental dificulta a construção das embarcações da maneira tradicional com madeira nativa da região e a fibra de vidro é usada como uma alternativa moderna. Outra referência que Aorelio usa é “aberto na chapa” para dizer que o motor dos barcos está com a potência no máximo. Amanhece!
Ouça o podcast, ele exibe uma trajetória bela e cheia de poesia desse patrimônio da Cultura nacional que é o Fandango Caiçara.
Links para as plataformas digitais:
Para quem não conhece o Fandango Caiçara:
O fandango é um ritmo musical tradicional do povo caiçara cujo seu território se estende desde Paraty - RJ até a baía da Babitonga - SC. Este ritmo musical sobrevive e se contextualiza há mais de 400 anos se estendendo até as cidades mais antigas de todo planalto do Paraná, tornando-se uma das principais bandeiras da cultura popular do estado.
O ritmo possui instrumentos próprios como viola, rabeca, machete, adufo e caixa. Ele também tem uma dança característica que faz das batidas do tamanco parte da percussão musical.
O fandango foi ‘paga’ de mutirão em outrora, servindo de pagamento aos trabalhadores que realizavam serviços comunitariamente, hoje é a principal ferramenta de resistência das comunidades tradicionais em seu território.
O Fandango Paranaense em 2012 foi registrado como Patrimônio Imaterial Brasileiro. Faz parte da cultura do povo paranaense há mais de 400 anos. E está presente na cultura popular da cidade de Curitiba.
Presente nas oficinas de música da cidade, em apresentações em universidades, em escolas, em bailes, bares, teatros, Mestre Aorelio leva o fandango caiçara a capital de várias maneiras, do tradicional, de forma mais erudita com a Orquestra Rabecônica do Brasil e agora com sua nova proposta trazendo o fandango para música urbana popular contemporânea.
Contatos para entrevistas: Mestre Aorelio Domingues – 41
98889-8395
E-mail: mandicueraculturapopular@gmail.com
Projeto realizado com recursos públicos do programa de apoio e incentivo à Cultura – Fundação Cultural de Curitiba, da Prefeitura Municipal de Curitiba e do Ministério do Turismo.
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