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terça-feira, 29 de setembro de 2020

Mãe cá filha, a bebida típica do fandango

 

Poro mostrando a variedade de bebidas caiçaras que formam a identidade cultural do litoral do Paraná.
(Foto-Vinicius Prado) 

Poro produz as garrafas artesanais e fala sobre a tradição caiçara

Eloir Ribeiro de Jesus, o popular Poro da Ilha dos Valadares, é o responsável por manter a tradição da bebida “Mãe cá Filha” no litoral. Mesmo durante a pandemia a produção não para e se mantém através de pedidos de pessoas que valorizam as tradições caiçaras.

Poro conta que  a sua história com a bebida é antiga. Ele conheceu a Mãe cá filha em um baile de fandango no Clube do Mangue Seco, na Ilha dos Valadares, em 1998. 

Tinha um senhor bebendo com uma garrafinha, ele me deu um gole e me ensinou a receita. Ele disse que era uma bebida que sempre acompanhou o Fandango, que além da música e da dança, também tinha comida e bebidas: café, garapa, queira (a garapa fermentada), cachaça e a Mãe cá filha”, explica.


Sobre a origem do nome, Poro ressalta que sempre existiram alambiques nas comunidades onde havia plantação de cana. “Eram produzidos, rapadura, açúcar, melado e a cachaça, daí  o nome Mãe cá filha, no caso o melado e cachaça, filhos da cana”, detalha.

Poro se interessou pela bebida e pela história que existe em torno da tradição. Hoje ele conta que são 20 anos seguidos fazendo a bebida. 

Fui experimentando e cheguei a uma receita minha, não tem segredo, cachaça e melado"

O ponto alto do consumo da mãe cá filha acontece como manda a tradição, nos bailes de fandango. Mas o hábito cresceu ao longo do tempo e hoje é degustada a qualquer momento sem perder o seu simbolismo.



Com a pandemia da covid-19 os bailes de fandango deixaram de acontecer, mas a produção da 'Mãe cá Filha' não parou. Poro conta que tem vendido bastante, e faz entrega até a ponte. Tem inclusive enviado para amigos de Curitiba no bar Folia, que reabriu no mês passado.

Aqui no Mandicuera começamos a contar sobre a bebida e foi se espalhando a fama. Já tem gente fazendo em Guaraqueçaba, mas o pessoal gosta da minha, por causa do rótulo de tecido, que eu produzo, o desenho é do Aorelio Domingues”, destaca.

“Tenho uma história que conto sobre a minha produção, mas é um causo para animar as visitas”:

“No terceiro dia de lua minguante, é quando a maré está mais seca, antes do sol nascer, você vai até o mangue e prende um estralo de Tambarutaca (crustáceo do mangue que fica estralando a garra na maré seca) em um litro, para o estralo não escapar, você tem que prender um latido do cachorro do mangue, que come a Tambarutaca, e para o latido não escapar, você tem que prender o primeiro canto do galo, quando já está amanhecendo, pois o cachorro mangueiro só caça a noite, depois de feito isso, é só completar um quarto da garrafa com melado e acabar de encher com cachaça boa, tampa com uma rolha e sacode tudo! Fácil né!”.


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8499-0489

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